A viagem de Budapeste para a França, apesar da longa jornada atravessando Áustria e Alemanha, traz do outro lado da janela do trem um passatempo inesquecível. Assim que cruzou a fronteira saindo da Hungria, os alpes austríacos começaram a dar o ar da sua graça. Lindas paisagens cruzavam o caminho de Stefano, que na ausência de companhia, deixava as imagens tomarem toda a sua atenção.
Depois de ouvir do amigo cossaco sobre Napoleão e sua eterna busca pela realeza, seu destino não parecia ser outro senão aquele que produzia a bebida dos reis, o símbolo da celebração e o merecido refresco da vitória, o champagne.
Quando o trem cruzava Epernay, Stefano estava parecendo um cachorro para fora do vidro, queria experimentar, sentir, fazer parte dessa história de tradição e elegância. Faltava pouco para que o chão da gare de Reims chegasse ao seu encontro.
Continuando a mirar a mesma vista que uma vez contemplou a dama do champagne, Stefano se viu pensando sobre o quanto a vontade de uma pessoa pode revolucionar todo o mundo, o quanto a vontade em querer fazer o melhor pode fazer o mundo se curvar diante de uma garrafa.
Na outra mesa ocupada na calçada, uma elegante senhora bebia calmamente uma flûte de um néctar claro e borbulhante. Com seus trajes clássicos, uma echarpe esvoaçante por conta da brisa do inverno, tinha seu rosto parcialmente coberto por um monárquico chapéu, que a fazia se destacar dentre todos os outros passageiros da Avenue.
Não havia como não notá-la, sua presença até mesmo preenchia as mesas desocupadas e fazia com que a calçada ficasse mais estreita... uma duquesa? Herdeira de uma maison? Stefano ficou curioso...
Quando lhe foi oferecido o Menu do bistrot, Stefano não tardou a perguntar o que havia de diferente naquela senhora, que aura ela trazia que a deixava daquela maneira? A jovem francesa, num inglês carregado, disse:
- As Madame de Pompadour used to say, “Champagne is the only wine that leaves a woman beautiful after drinking it. It gives brilliance to the eyes without flushing the cheeks”.
Stefano, na sua ânsia por querer entender tudo e todos, se aproximou da senhora e, na tentativa de estabelecer qualquer contato com essa entidade que exprimia em todos os detalhes a quem uma garrafa de blanc de noirs sonhava em ser servida, indagou o que bebia.
A senhora bebia um Taittinger Prélude Grand Crus, de um aspecto brilhante, uma cor amarelada e perfeita borbulhas que tardavam a se dissipar. Esse champagne produzida na proporção de 50% Chardonnay e Pinot Noir totalmente provenientes da região de Champagne é feito totalmente de cuvée, ou seja, da primeira prensagem, mais leve, de onde os produtores acreditam se extrair o melhor produto.
- I drink a flute of champagne every day. At least for an hour I feel like the Queen of France.