Friozinho na Barriga



Sabe, dizem que não devemos ficar nervosos... não faz bem, é ruim, prejudica, faz com que não se aproveite as coisas, etc. etc.

O nervosismo bloqueia, engana e desnorteia. Safadinho esse carinha... As vezes, quase imperceptível, só se nota que ele deu as caras depois, quando já passou e tu já está no corredor.

Esse lance de se enervar não é bem visto, onde já se viu ficar nervoso com as coisas??? Não precisa.... vai com calma, vai dar tudo certo... ah... não me venha com não me venhas...Eu fico nervoso... fico e pronto... Tipo, tô nervoso agora!!

Ah tô, pode apostar. Sá porquê? Porque a coisa importa. Eu fico nervoso quando a coisa importa. Manja o friozinho na barriga? É ele, o nervosisminho te enchendo a paciência, colocando minhoquinhas na tua cabeça, plantando pimentinhas no teu estômago.

Ruim? Claro... que não. Vou te dizer, as vezes acho que talvez fosse melhor nunca ficar nervoso, ser um homem de gelo. Mas daí penso que o inverso de ficar com o tal frio na barriga em determinadas situações não é segurança total e sim, insensibilidade.

Longe de mim querer ser insensível, longe de mim querer levar a vida sempre no mesmo volume, meio morno...Por isso, eu atesto: fico nervoso, ansioso, toda a vez que algo importante está para acontecer.

As coisas são assim, desculpem a redundância, mas tudo o que importa, importa! E em assim sendo, vem o friozinho na barriga para nos lembrar que os desafios devem ser encarados com vontade e seriedade, sempre buscando fazer o melhor e da melhor maneira possível.

Já falei que tô nervoso né? Pois é, eu tô! Não que eu não me importe com as outras vezes que escrevo, mas é que dessa vez é diferente.

Quero falar sobre o vinho que mais me deixa feliz quando eu bebo (não é o com maior graduação alcoólica). É um vinho espetacular, vencedor com louvor da Primeira Enocopa e que pela dificuldade de se encontrar por aqui, acaba sendo reservado e contribuindo para momentos únicos.

É o absoluto: Domaine Ott Couer de Grain - Chateau de Selles Cru Classé - AOC Côtes de Provence.


Em 2007, numa viagem que fiz à França, experimentei o "Ott" pela primeira vez em Menton, e toda a vez que encontro não resisto. Ok, que num lugar desses fica fácil gostar das coisas...

Mas a verdade é que esses francesinhos sabem das coisas, eles não simplesmente jogaram uvas num barril, os caras capicharam... olha a explicação deles para a seleção:

Cabernet Sauvignon: pela sua complexidade, elegância no blending e vigor;
Grenache: pelo calor que adiciona ao vinho;
Cynsault: pela sua finesse;
Syrah: em pequenas quantidades para arredondamento e cor.

Dizem os entendidos que ele vai muito bem com salmão marinado com endro, Coquilles Saint Jacques, e suínos com tempero agridoce.

E depois não querem que eu fique nervoso?



7 comentários:

Sâmia disse...

Putz, Marco!!! Agora sim eu morri de inveja...

Sans plus à ajouter.
Sâmia

Diego disse...

Brilhante! É por essas e outras que admiro o nobre amigo.

Sem o friozinho na barriga nossa vida perde o sentido. Digo mais, sem vinho nossa vida perde o sentido.

A cada garrafa que eu abro, mesmo daqueles que já tomei, sinto esse friozinho na barriga, fico nervoso. Será que o vinho é bom, vale o quanto paguei, vou aprender com ele?

Um brinde ao nervosismo...

Leonardo disse...

Nunca tive esse tal friozinho na barriga abrindo esses vinhos finos ai que usted fala. Mas vou te levar em um almoço da colônia com massa , polenta, galeto, sopa de capeletti, pão colonial, salada verde, lombo de porco e o famoso menarosto.
Aí tu vai ver oque eh frio na barriga, quando se abre uma daquelas muitas garrafas de vinho que estão te esperando em cima da mesa!!!!
Abs, Léo.

Marco Mascarello disse...

Sâmia,

Poucas coisas são melhores que a França, né?

Tija,

tudo a ver... sempre em busca do friozinho.

Léo,

É só me convidar. Vamos juntos. Depois quero o teu relato aqui.

Abraços

NOSSO VINHO disse...

Vinho espetacular, também tem uma história aqui comigo. Nunca encontrei no Brasil, apenas outros blends da mesma Domaine Ott. Há cerca de 1 mês achei na Expand do Bar des Arts.

Abraços

Paulo

Marco Mascarello disse...

Paulo,

Esse pra mim é um dos melhores rosés que existe, sensacional.

Pois é, nunca encontrei o Côtes de Provence para vender por aqui. Na expand de vez em quando eles tem o Bandol.

O que muda é que o Côtes é feito com Cabernet Sauvignon e Syrah e o Bandol com Mourvèdre.

Abraço

Anônimo disse...

http://www.hobnobwines.com/ taste it guy ;)