Hoje pode ser um dia especial

A experiência sobre o vinho desse post é uma história do grande amigo, destemperado e enólatra Diego Fabris, mostrando que as coisas boas da vida devem ser aproveitadas ao máximo, sempre. É contigo, Dieguito.

Quando era pequeno, ganhei uma camisa do Milan de presente. Adorava ela, achava a coisa mais linda do mundo e me sentia insuperável com ela. Não emprestava pra ninguém e usava ela só nos aniversários dos amiguinhos mais importantes ou no dias marcantes do colégio.

Guardada a 7 chaves, a mais bela do armário. Assim era ela: a camisa do Van Basten. Estufava o peito e encarava o que viesse. Usar ela já tornava o dia mais especial. Um dia normal ganhava outros ares e incrivelmente, ela trazia alegrias novas pra minha vida.

Até que um dia ela, a tal camisa, foi pra lavar e encolheu. Lágrimas e cara fechada. Um dia que mudou a minha vida. Um divisor de águas na vida de um moleque serelepe. Depois dali, decidi que não ia mais guardar tanto as coisas, que ia usar mais elas numa batida carpe diem. Ganhou? Sai usando, que nem criança na noite de Natal.

Cerca de duas décadas depois, camisas de time já não me causam tanta preocupação. Outra paixão assumiu esse lugar, o vinho. Mas não pense que aquela ferida do passado foi embora. Ela ainda me acompanha. Talvez por isso eu nunca tenha guardado um vinho por tanto tempo na adega.

O paladar vai ficando mais exigente. Os vinhos na estante vão ficando mais caros. A minha carteira reclama. Mas uma coisa persiste, compro um vinho e bebo em um ou dois meses no máximo, independente do naipe dele.

Eis que surgiu na minha vida o Achaval Ferrer Quimera 2003. Esse mendocino tremeu tudo. Já havia bebido uma vez e sabia que se tratava de um vinho marcante, forte. Meu amigo Gornatti comprou um exemplar para a adega da firma, me olhou e disse: “esse aqui a gente vai beber num dia especial”.


E lá estava a garrafa repousando quieta a espera de “um dia especial”. 6 meses se passaram e nada. A gente olhava pra ela todo o dia e virava a cara. E se essa “menina dos olhos” resolvesse perder o valor como a camisa de outrora? Nenhum de nós se perdoaria.

Numa certa quarta-feira, decidimos por fim aquilo. Cansamos de esperar. É hoje! Gornatti preparou a garrafa resfriando-a um pouco naquela noite quente. Como mágica, a garrafa mudou a noite. Alguns minutos depois, recebemos uma ligação do único amigo que faltava àquela mesa. “Vou ser pai”. Incrível. Era sim um dia especial. E seria de qualquer maneira. Pois abrimos a garrafa e a degustamos com a certeza de que se trata de um vinho excelente.

Dizem os entendidos que temos no Quimera um vinho concentrado, com um corte típico bordalês acrescido da grande cepa argentina, o Malbec. A composição? 37% de Malbec, 28% de Merlot, 25% de Cabernet Sauvignon e 10% de Cabernet Franc. Todas estas se encontram e tem tempo de sobra pra se conhecer nos 12 meses que passam juntas nas barricas de carvalho francês.

Eu não sou um especialista. Sou um desses enofriend. Mas digo com certeza absoluta que o Quimera tem a capacidade de tornar qualquer dia especial. Não amanhã, hoje.

6 comentários:

Marco Mascarello disse...

Grande Patetta...

Muito obrigado pela participação.

Cara, demais tua história. Eu também era muito fã do Van Basten, o primeiro herói que eu tive que tinha o mesmo nome que eu, Marco Van Basten hehe.

E o quimera então, sensacional e só pra não tem ninguém, tinhamos 03 garrafas, que era para ter certeza que as uvas tinham de fato ficado amigas naquele ano... um brinde a amizade delas...

Que venham os filhos....

Abração

Diego disse...

Marquito, uma honra pra mim estar neste blog que tá cada vez melhor.

De fato essa história é verdadeira e do fundo do coração. Tinha a cara e o conceito de um EnoFriend.

Tô pra te dizer que o Quimera é um Van Basten dos vinhos.

Grande abraço

Paulo Gornight disse...

Um Blog é que nem filho... Uma hora sai de casa.

Marcorello, teu filho é precoce e é muito especial ! EnoFriend é tudo de bom. Eu, como "enólatra" vou estar sempre por aqui!

Abrassssss!

Anônimo disse...

Diego ninja, muito bala essa história, me lembrei do meu tenis adidas Stefan Edberg que só usava as vezes e meu pé cresceu....hihi

Marcão, não pude te dizer outro dia que tu veio no La Barra mas eu sou leitor assíduo e acho muito bom o teu blog.
Vamos tomar um BoRoBo qualquer dias desses.
Só me digam uma coisa que fiquei na dúvida.... Marcolino tu vai ser pai?????
Abs
Parabéns Dieguito
Mano - La Barra

Marco Mascarello disse...

Patetta,

Cara, o blog é teu, vamos cuidar pro Quimera não terminar precoce entao...

Gornight,

Os destemperados e tu são benchmarks preciosos... tua presença é fundamental...

quero ver os tannats....

Manolo,

Não te lamenta, eu sei que o Gonzalito era linha dura com os tenis no saibro... adelante manoooo...

Cara, por favor, visite sempre e, pode mandar a tua história que é muito bem vinda...

E não, não vou ser pai... minha única pensão mensal até o momento é o la barra... tipo um filho... haha

Abração

Marcelo Wisintainer disse...

Fala Marquito!!!

Parabéns pelo Blog. Tá muito legal. Vai a dica do Argentino como falamos com o Tio Noronha.., Vinícola Carinae. Tá difícil de achar mas se encontrar te mando uma garrafa. E o Libanês, Chateau Kefraya.

Abração

Massa