A Panturrilha e a Rolha

Às vezes eu apareço

Outras não se pode me ver

Mas é preciso dizer

Que um elogio eu mereço

Ela está sempre ali. Às vezes a mostra, às vezes coberta, umas maiores, outras mais curtinhas, algumas esguias, todo mundo a conhece, mas quem a admira? Sim, muitas vezes não é notada, é tratada com desdém, pobre dela, pobre panturrilha, tão esquecida.

Tadinha, confesso, gosto de detalhes, me preocupo com os mínimos quesitos de tudo, pois eu acho que é ali que a essência se mostra.

Não, não... não acho que a essência da pessoa esteja na batatinha da perna, estou só mostrando que eu presto atenção nos detalhes, ok? Mas o fato é, como não admirar uma linda panturrilha feminina? Daquelas esguias, lisinhas, sabe... começam lá no tornozelinho e vem subindo e até que formam aquela porçãozinha... tipo aquelas que sempre desfilam no La Barra..saca?

Ai, ai.... mas onde que eu tava? Ah sim! Os detalhes... como faz diferença quando até os detalhes se encaixam. Será que estou sozinho nessa? As pessoas prestam atenção nos atributos mais mainstream, que o grande Alfie Elkins definiu como FBB (face, boobs and bum), e deixam de lado essas preciosidades.. tão esquecidas, todas com sua grande contribuição para o conjunto da obra.

Deixem-los, amigos! Esqueçam eles, com suas visões obtusas sobre as coisas lindas da vida.... ah vocês...

Sim, sim, elas, essas mulheres, tem aquele “je ne sais quoi, manja? Tipo um saber implícito de que são dotadas de TODA a beleza do mundo. Sabem que até nos detalhes, mesmo esses que passam despercebidos muitas vezes; sabem que, além de auxiliarem na sustentação física do corpo, as lindas batatinhas erguem a auto-estima e dão aquela empinadinha no nariz, mas sem esnobar, só aquele ar de segurança, genesekua... E lá vão elas, lá passam elas, nos fazendo virar para admirar mais uma vez.

Convenhamos, parece contradição, mas para mim detalhe é fundamental. Já disse aqui que sou um cara a moda antiga, e um pouco nostálgico. Muito está se falando das rolhas das garrafas de vinho hoje em dia. O reinado da cortiça está ameaçado. A tampa rosca está chegando, crescendo e aparecendo... reivindicando seu lugar ao Sol.

Dizem eles, os especialistas, sempre esses carinhas, que ambas cumprem bem o seu papel. A suprema rolha de cortiça é imbatível para vinhos de guarda, com sua capacidadezinha de permitir uma passagem de ar ideal para que esses vinhos envelheçam da melhor maneira que conseguirem. No entanto, podem regalar ao vinho um gosto/aroma que lembra mofo, por conta da formação de cloroanisóis (oi?) na rolha, o tal “gosto de rolha”.


Já a querida tampa rosca (screw cap). Essa é muito criticada... nem de saca rolha precisa. Vale dizer que a sua vedação é perfeita e não há de qualquer contaminação, lembra dos cloroanióis?... pois é, mas e a questão da guarda? Aí os titios especialistas divergem, uns dizem que o envelhecimento se dá da mesma maneira que na rolha de cortiça, pois o ar necessário para o envelhecimento adequado do vinho já está presente na garrafa, sendo ainda melhor que a cortiça, já outros dizem que não se presta para vinhos que não se tenha a intenção de ser bebido jovem.


Sinceramente, não tenho uma opinião sobre qual de fato é a melhor, acho que teremos que esperar alguns bons vinhos com tampa rosca serem postos para a eternidade (existe algum será?).

Mas uma coisa eu garanto, da mesma forma que as chicas com suas lindas panturrilhas, os vinhos com rolha de cortiça estão todos com seus narizinhos empinados nas suas adegas.



Um comentário:

Unknown disse...

Existe sim, Tyrrell's Wines é uma das vinícolas que fez amplos testes com vinhos com tampa rosca em adega. Eles tem na adega um museu de vinhos com 30 anos e com tampa rosca. Usaram a tampa Stelvin em 1998 para testes com o mais premiado vinho branco da Austrália, o Vat 1, um vinho que pode ficar 20-30 anos na adega. Eles tem tanta confiança depois de testes que mudaram em 2004 toda a linha top para screw cap, shiraz e semillon. O Vat 1 1998 é uma prova de sucesso, com tampa rosca o desenvolvimento é perfeito, ao contrário da rolha que tem um resultado que varia dependendo da rolha, algumas garrafas boas e algumas ruins.